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José Crisóstomo de Souza
Deptº, Filosofia FFCH/UFBA
Estrada de S. Lázaro, 197
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Richard Bernstein, uma espécie de pragmatista continental - como eu.

Gilberto Freyre –
Pragmatista de Outra Modernidade
John Dewey – Um Pós-Hegeliano entre Marx e Habermas
Caetano Veloso interpreta o Brasil. Ouça.
Darcy Ribeiro contra os 'Cavalos de Santo', clique aqui para assistir

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A página pode ser primeiro explorada por uma olhada a suas ilustrações e títulos, em seguida pela leitura de suas pequenas matérias (boxes), e por fim clicando-se em seus botões e links que remetem a textos maiores e a artigos. Ela mapeia assim um campo de exploração na filosofia contemporânea, como uma introdução a parte relevante dela.E, principalmente, com suas várias opiniões, referências e chamadas, desenha um posicionamento geral e uma plataforma de investigação em filosofia (filosofia da práxis/poiesis) para nosso tempo e lugar. Minhas investigações em filosofia, nesse terreno, desembocam num posicionamento pessoal que denomino de anti-representacionismo prático-sensível, não linguístico, e de materialismo poiético-pragmático, que ecoa influências de hegelianismo, pragmatismo, modernismo, Marx e ensaísmo brasileiro. A página considera, sempre criticamente, um punhado de diferentes autores relacionados e suas contribuições voltadas para um punhado de temas e questões articulados. a um campo de discussão, a diferentes alternativas de posicionamento no seu interior, e ao meu próprio posicionamento. Trata-se, enfim, de uma via para fazer filosofia contemporânea, não história da filosofia ou comentário interno, passivo, não crítico, de autor histórico.

Professor Titular, Deptº de Filosofia, Universidade Federal da Bahia.

  • Doutor em Filosofia Política - Unicamp.
  • Pós-doutorados, filosofia contemporânea, UC Berkeley e New School
 
 
 
Roberto Mangabeira Unger
Um filósofo brasileiro hegeliano-pragmatista.
Crisóstomo sobre Unger

Hegelianismo – Fil. da Práxis – Democracia.
Para mim são sugestivas as observações de Jürgen Habermas de que “persistimos ainda no estado de consciência introduzido pelos jovens hegelianos” e que as noções de jovem hegelianismo e de filosofia da práxis devem abarcar “as variantes democráticas do pragmatismo", que pode ser considerado como uma terceira tradição jovem hegeliana- “a única a desenvolver o espírito liberal da democracia radical.

Além disso, acompanho o rumo geral de sua crítica da razão centrada no sujeito e de sua - para mim, ainda insatisfatória - “virada pragmatista”. (JCS)


Ascensão e Queda do Sujeito no Movimento Jovem Hegeliano.

“No curso desse movimento, o sujeito hegeliano, conscientemente comprometido com uma ordem que o ultrapassa, torna-se isoladamente universal e autônomo com Bruno Bauer, converte-se em corpóreo, genérico e amoroso em Feuerbach, é dissolvido (e recuperado) nas relações sociais por Karl Marx e acaba finalmente reduzido a um eu finito, caprichoso e desengajado em Max Stirner. Conhecer essas variantes do pensamento crítico radical do séc. XIX, onde se cruzam idealismo e romantismo alemães, é ser introduzido à discussão das alternativas da crítica em nossos dias." (JCS)

veja resenha

 

A Questão da Individualidade:
A Crítica do Humano e do Social na Polêmica Stirner-Marx.

"Na discussão com
esse pensador 'proto-nietzschiano', Marx vê-se obrigado a se envolver com temas como a singularidade, as pretensões do indivíduo e da subjetividade modernos, e a (não-) fundamentação dos ideais políticos e da obrigação moral." (JCS)
veja resenha
Stirner vs Marx como Rorty vs Habermas?

Stirner, precursor de Nietzsche (que procurou ocultar sua influência) e do existencialismo, ou simplesmente expressão radicalizada do individualismo moderno, em todo caso, um pensamento prático-existencial, voluntatista, mereceu de Marx o seu livro mais extenso depois do Capital.
Nietzsche Maître-à-Penser (Portug.)
Nietzsche Maître-à-Penser (English)

Ars Vitae / Arte da Vida / Cura Sui:

Historicamente a filosofia tem sido não somente o suposto conhecimento superior do que é, e de como ele se fundamenta, mas também – e junto com isso - um recurso de autoformação e uma prática de vida. É essa dimensão formadora e existencial da filosofia  que retomam, cada um a seu modo, Matias Aires, Fernando Pessoa, Michel Foucault, Pierre Hadot, Martha Nussbaum, Richard Rorty. Para Rorty, trata-se de “substituir, como objetivo do pensamento, o conhecimento da verdade, pela noção de Bildung (educação, formação)”. Esse ponto de vista hermenêutico (desde o qual a aquisição da verdade diminuiria em importância, vista como um componente da educação – Rorty) se completa pela atividade ‘poética’ de pensar novas coisas e interpretações, de reinventa a si e ao mundo. (JCS)

Pensamentos do Filósofo Luso-Brasileiro Mathias Aires (1705-1770)
O ‘pragmatismo’ é francês, alemão, britânico ou brasileiro?
O filósofo francês Maurice Blondel foi o primeiro a usar o termo pragmatismo, publicamente, em 1888, para referir-se a sua filosofia. Em seguida, ainda na França, outros usaram-no para um conjunto de filosofias aparentadas, enquanto o britânico Ferdinand Schiller desenvolveu a sua como pragmatismo e ‘humanismo’ (protagorismo). Por outro lado, René Berthelot, em 1911, publicou extenso livro sobre Nietzsche como iniciador do pragmatismo - ou ‘romantismo utilitário’. Por fim, o mais genuíno espírito brasileiro tem sido reconhecido, por muitos dos que dele se ocuparam, como fundamentalmente pragmatista, prático, não-metafísico. (JCS)
 
 

Jeffrey Stout & Richard Bernstein
Alguns livros:

  • O Avesso de Marx: Por uma outra Filosofia da Prática (em elaboração)
  • A Virada Prático-Histórica da Filosofia (mini-coletânea)
  • (Ed. UFBA) Com os membros do Grupo Poética Pragmática
  • The New Hegelians: Politics and Philosophy in the Hegelian School
    (Cambridge University Press):
    Junto com: David Leopold (Oxford), Gareth Jones (Cambridge), Massimiliano Tomba (Padua), Charles Babour (B.Columbia), Eric von der Luft (Syracuse), Douglas Moggach (Ottawa), editor.
  • Filosofia, Racionalidade, Democracia: Os Debates Rorty-Habermas
    (Ed. Unesp) Com os textos dos debates entre Jürgen Habermas e Richard Rorty.
    Leia apresentação de Porchat e ‘chamada’ do autor

  • A Filosofia entre Nós (Ed. Unijuí) O que tem vindo a ser e o que se poderia tornar. Junto com Ernst Tugendhat, Porchat e Janine.
(JCS)
 

Marx como virada prática e materialista
A promissora virada prático-sensível que Marx tentou operar
na filosofia clássica alemã e no hegelianismo em particular - aproveitando algumas de suas virtualidades e, infelizmente, desprezando outras - acabou descambando, como tenho procurado mostrar, para uma concepção filosófica substancialista, essencialista e transcendentalista forte, ainda em descompasso com o nosso tempo. O debate jovem hegeliano e os desenvolvimentos filosóficos contemporâneos oferecem recursos conceituais para a superação de algumas de suas limitações. Sobre isso, ver, por ex., meus “Teses (Pragmatistas) ad Marx”,  "Destranscendentalizando Marx" e “Marx and Human Essence”. Como entendo a superação apropriada do marxismo aponta para o desenvolvimento de um um pragmatismo histórico, contemporâneo, democrático, sob certos aspectos hegeliano, e livre de vícios do ‘materialismo anteror’ que ele não conseguiu deixar para trás. (JCS).

Hans Joas (Univ. Livre Berlim) sobre pragmatismo e filosofia alemã:

"O pragmatismo permite aceitar o que é razoável na tradição filosófica alemã (na hermenêutica, no historicismo, na Lebensphilosophie de Nietzsche, na antropologia filosófica e no marxismo), sem pender para suas implicações perigosas, anti-democráticas. O pragmatismo pode mostrar-se como a solução para os problemas de outro modo insolúveis daquela tradição, como solução para as aporias do pensamento alemão."

Joas (como Langsdorf e Shusterman) está entre os que exploram a riqueza da noção pragmatista de ação e de experiência em sua dimensão estética e criativa.

Filosofia, Racionalidade, Democracia.
Temas como verdade e razão têm interesse para o desenvolvimento da cultura e para o progresso social? Que perspectiva filosófica seria apropriada – se alguma seria – à defesa e à promoção de uma utopia democrática? Seria ruim acharmos que não há de fato princípios universais e objetivos a favor de uma política de justiça e democracia? Posições “relativistas” e “falibilistas” seriam boas ou ruins para essa política e para o desenvolvimento da cultura em geral? E para nossas aspirações de orientação e auto-construção pessoais? (JCS)


Depois da influência de Rorty, a filosofia de Habermas não voltaria a ser a mesma, afastando-se cada vez mais daquela de Karl-Otto Apel, seu parceiro no desenvolvimento de uma ética da interação discursiva não distorcida. Agora, sem abrir mão de uma preocupação universalista, Habermas aprofundaria sua própria virada pragmatista. (JCS)

O pragmatismo romântico e nietzschiano de
Rorty versus o pragmatismo kantiano de Habermas

(Acho interessante comparar o debate Rorty-Habermas àquele entre Marx e Stirner, sem que Habermas tenha o fundacionismo forte de Marx, nem Rorty chegue ao anarquismo de Stirner.) (JCS)

Europeísmo e racismo nos clássicos da filosofia
 

A Filosofia Como Coisa Civil:

"A filosofia civil tem a ver com a Cidade, com um certo arranjo e funcionamento sociais, em termos de convivência e realização humanas, bem como, e por isso mesmo, com um espírito de investigação, busca e discussão, de invenção e imaginação."

"Não seria necessariamente rebaixar o trabalho da filosofia, por exemplo, contribuir de algum modo para, com ela, enriquecer o nível do debate social, cultural, científico e acadêmico. Pois o papel da filosofia nessa vida social e cultural é também, ainda que por interpostas mediações, torná-la argumentativamente mais sofisticada e conceitualmente mais rica, junto com mais inventiva, imaginativa e livre."

"A filosofia civil (por oposição à 'tradicional', 'ancien régime') é a filosofia como existe nos países onde a vida 'espiritual' foi mais cabalmente transformada pelo Esclarecimento e pela Modernidade liberal-democrática." (JCS)
Com relação ao texto A Filosofia Civil (que foi traduzido para o inglês), Ernst Tugendhat acha que “temos opiniões semelhantes” e Rorty que “temos posições bem próximas sobre a história e a função da filosofia”.


Fazer filosofia no Brasil
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Entendo que o que historicamente tem prejudicado o trabalho de filosofia no Brasil é tanto a tentação do "filoneísmo" (a queda pelas modas vindas de fora) como a do "filoarcaísmo" (o peso excessivo da história e da tradição, no meu modo de ver, instaurado pela escolástica e prolongado pelo goldschmidtismo). Acho que nos falta 1) acompanhar, participando, a elaboração e o debate filosófico contemporâneos, e 2) enfrentar temas e problemas filosóficos, seja com recursos mais “analíticos” ou mais “históricos”. Acho que é o que fazem as comunidades filosóficas pelo mundo a fora - com espírito pluralista, naturalmente, em relação a posições e a modelos de trabalho. Nem mesmo a América espanhola permanece tão escolasticamente comentadora e historiografista quanto nós.

Em Portugal...
“Tanto quanto sei, a filosofia em Portugal não sofreu influência significativa de Goldschmidt ou Guéroult. O que se passou foi que os departamentos de filosofia foram constituídos com professores cuja formação original era a história, e não a filosofia. Essa penso ter sido a influência mais marcante. A segunda influência foi linguística: como a generalidade dos professores não dominava a língua inglesa, entendiam que a filosofia era fundamentalmente de língua francesa...”
(Prof. Desidério Murcho. Leia mais.)

Filosofia como Coisa Civil
Philosophy as a Civil Thing

O Que é a Ciência?
(pergunta para a qual ninguém que se meta com filosofia pode deixar de ter uma resposta - razoável e contemporânea).
Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência

VÍDEOS:

Rorty, Putnam e a Volta do Pragmatismo
Heidegger, Wittgenstein e o Pragmatismo

Hilary Putnam sobre James e Dewey

 

Filosofia no Brasil

Cruz Costa e Vieira Pinto sobre Filosofia no Brasil – Bento Prado
A Filosofia Brasileira – Antônio Paim
Sobre Filosofia no Brasil – Cruz Costa
A Filosofia no Brasil – Sílvio Romero
As Ideias fora do Lugar – R. Schwartz
Como encarar a cultura europeia? – Vieira de Melo

A Antropofagia ao Alcance de Todos - Benedito Nunes

Antropofagia e Tropicalismo – Jhanainna

Francisco Sanches, um bom precursor para uma boa filosofia – prática, experimentalista - de língua portuguesa

Em que se pode sustentar um ponto de vista teórico-crítico sobre a sociedade?

 

Pragmatismo Romântico e Democracia: Unger vs. Rorty - de Tiago Medeiros Araujo. O livro, uma tese de mestrado, é ao mesmo tempo uma relevante contribuição à discussão filosófica dos nossos dias. (JCS)

A Filosofia entre Nós.
Como anda o trabalho de filosofia na universidade brasileira? A que resultados nossos esforços de formação têm conduzido? Fazemos filosofia ou fazemos só história da filosofia (mais exatamente, comentário “interno” da obra dos grandes filósofos)? Temos, na nossa área, renovado e superado – ou, de ouro lado, também reiterado – alguns dos nossos hábitos menos satisfatórios (v.g.escolásticos) de pensamento e de ensino?

Tugendhat: Filosofia na Universidade Brasileira

[Leia sobre Tugendhat e o sujeito (em francês)]

Giannotti: "Para nós a filosofia passava por uma disciplina do texto, e, sobretudo, o que foi muito importante para a nossa geração, passava pela alienação num pensamento alheio (...); ver o mundo da perspectiva de Kant ou de Husserl (...). A situação hoje é totalmente diversa, porque agora nós chegamos num momento em que o departamento se esgotou, que esse pensamento técnico também se esgotou, ele se transformou numa espécie de engessamento do pensamento, não é isso?"
in Vilém Flusser no Brasil, p. 228, 234

Tércio Ferraz: "Quando cheguei à Alemanha, nessa vez, lembro-me de ter conversado com meus colegas de lá, dizendo: 'Acho que vou fazer uma coisa ousada. Vou tentar escrever sobre, e discutir, um problema filosófico. Não quero mais interpretar filósofos'. 'E daí?', responderam eles, que não viam nada de anormal no que eu estava dizendo. Acontece que, ao aprender filosofia com rigor estrutural, eu tinha sofrido uma verdadeira castração na Faculdade de Filosofia [da USP] (nada além de história da filosofia), e isso era algo que eles não compreendiam."
in Conversas com Filósofos Brasileiros, p. 277

Enfim, como avançar para além do comentário (e do ensino) “passivo” dos grandes mestres, apesar do déficit de publicações atualizadas (v.g. periódicos e coletâneas) em nossas bibliotecas, e do nosso relativo isolamento, acarretado pela língua? Como fazê-lo, apesar da menoridade da nossa universidade e apesar da nossa falta de tradição... de elaboração em filosofia? Ou, ao reverso, como fazê-lo apesar do peso, entre nós, ainda, da tradição do Magister dixit, que nos deixa pouco à vontade com o sapere aude, com a forma ensaio, com o debate e com a abordagem de temas e problemas? (JCS)
A Filosofia Como Coisa Medieval ?
“Com muita freqüência, quando se escreve a história da Filosofia grega, se põe ênfase especial nas doutrinas especulativas que se pretenderam capazes de ensinar aos homens a Verdade (...). Daí muitas vezes resulta que se dá uma atenção preferencial ao estudo do platonismo, do aristotelismo, do estoicismo. Não se pode, entretanto, ignorar que uma tal história é, originalmente, uma história cristã da filosofia. (...) Se a Filosofia moderna se constituiu, num certo sentido, num processo de ruptura com o pensamento medieval, não é menos verdade que muito da postura própria a este foi por ela mantido”. (Porchat, “Autocrítica da Razão no Mundo Antigo”).


"Porchat: o filósofo dos homens comuns e o professor democrático de filosofia."
JCS
Margutti:
Porchat, Neo-Pirronismo e Pragmatismo
Rorty and Machado de Assis

 
Maio de 68: a vida pode ser diferente? (JCS)
Hegel e o Fim da História no Liberalismo (JCS)
Brasil: Narrativas de uma Modernidade Torta (JCS)
 

U.S. Pragmatism: Experience or Language?

 

Assim como há muito mais música em uma composição de Tom Jobim do que em um vasto tratado sobre a Nona Sinfonia de Beethoven, e mais pintura num rascunho de Carybé do que em mil páginas de comentário da Mona Lisa, há mais filosofia no mais breve e simples ensaio reflexivo sobre qualquer assunto filosófico, do que em volumes inteiros de leitura interna, exegética, erudita, não crítica, não apropriadora, de qualquer obra de qualquer excelso filósofo canônico. (JCS)

Rahel Jaeggi: Seu Kritik von Lebensformen (2013) é o desenvolvimento mais interessante e recente de um ponto de vista social prático-crítico, por uma convergência entre teoria crítica e pragmatismo. Bem próximo de nosso próprio ponto de vista nesse terreno, e um bom apoio para pensar de modo novo uma política de transformação crítica da sociedade. Em anexo, um resumo em inglês, da própria autora (que ela gentilmente me passou), de seu último livro, e também uma resenha em português do mesmo, sobre a `crítica imanente` de arranjos sociais como `formas de vida`. Na minha opinião ainda lhe falta um foco apropriado no entrelaçamento entre práticas e objetos no desenvolvimento e configuração/reconfiguração daquelas.