Professor Titular, Deptº de Filosofia,
Universidade Federal da Bahia.

  • Doutor em Filosofia Política - Unicamp.
  • Pós-Doutorado, filosofia contemporânea,
    UC Berkeley.

 

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José Crisóstomo de Souza
Deptº, Filosofia FFCH/UFBA
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Hegelianismo – Fil. da Práxis – Democracia.
Para mim são sugestivas as observações de Jürgen Habermas de que “persistimos ainda no estado de consciência introduzido pelos jovens hegelianos” e que as noções de jovem hegelianismo e de filosofia da práxis devem abarcar “as variantes democráticas do pragmatismo", que pode ser considerado como uma terceira tradição jovem hegeliana- “a única a desenvolver o espírito liberal da democracia radical”.
Para além da razão centrada no sujeito:
Além disso, acompanho o rumo geral de sua crítica da razão centrada no sujeito e de sua - para mim, ainda insatisfatória - “virada pragmatista”.

Ascensão e Queda do Sujeito no Movimento Jovem Hegeliano.

“No curso desse movimento, o sujeito hegeliano, conscientemente comprometido com uma ordem que o ultrapassa, torna-se isoladamente universal e autônomo com Bruno Bauer, converte-se em corpóreo, genérico e amoroso em Feuerbach, é dissolvido (e recuperado) nas relações sociais por Karl Marx e acaba finalmente reduzido a um eu finito, caprichoso e desengajado em Max Stirner. Conhecer essas variantes do pensamento crítico radical do séc. XIX, onde se cruzam idealismo e romantismo alemães, é ser introduzido à discussão das alternativas da crítica em nossos dias.”
Clique para ouvir, em inglês, Richard Rorty, James Conant e Hilary Putnam discutindo filosofia. Para isso você precisa ter o software Real Player, no seu computador, ou buscá-lo em http://brasil.real.com/player/. O debate, semelhante àquele entre Habermas e Rorty, trata criticamente de assuntos como a verdade, a base de nossas posições morais e políticas e a solução pragmatista e neo-pragmatista para essas questões.
A Questão da Individualidade: A Crítica do Humano e do Social na Polêmica Stirner-Marx.
"Na discussão com esse pensador proto-nietzschiano, Marx vê-se obrigado a se envolver com temas como a singularidade, as pretensões do indivíduo e da subjetividade modernos, e a (não-) fundamentação dos ideais políticos e da obrigação moral."
Stirner, precursor de Nietzsche (que procurou ocultar sua influência) e do existencialismo, ou simplesmente expressão radicalizada do individualismo moderno, mereceu de Marx o seu livro mais extenso depois do Capital.

Ars Vitae / Arte da Vida / Cura Sui:

Historicamente a filosofia tem sido não somente o conhecimento superior do que é, mas também – e junto com isso - um recurso de auto-formação e uma prática de vida. É essa dimensão formadora da filosofia, de alcance tanto privado quanto público, que retomam, cada um a seu modo, Michel Foucault, Pierre Hadot, Martha Nussbaum e Richard Rorty. Para Rorty, trata-se de “substituir, como objetivo do pensamento, o conhecimento da verdade, pela noção de Bildung (educação, auto-formação)”. Esse “ponto de vista hermenêutico, desde o qual a aquisição da verdade diminui em importância e é vista como um componente da educação, é possível somente se nos colocamos num outro ponto de vista”, se nos empenharmos numa atividade “poética” de pensar novas coisas e interpretações.
 
NO PRELO:

  • Young Hegelians: New Political and Philosophical Perspectives
    (Cambridge University Press):
    Junto com: David Leopold (Oxford), Gareth Jones (Cambridge), Massimiliano Tomba (Padua), Charles Babour (B.Columbia), Eric von der Luft (Syracuse), Douglas Mouggach (Ottawa), editor.

  • Filosofia, Racionalidade, Democracia: Os Debates Rorty-Habermas
    Com os textos dos debates entre Jürgen Habermas e Richard Rorty.


  • A Filosofia entre Nós
    O que tem vindo a ser e o que se poderia tornar.
    Junto com Oswaldo Porchat, Renato Janine e Ernst Tugendhat.

Marx como virada “prática” e “materialista” ainda insatisfatória.
A promissora virada “prática” e “materialista” que Marx
tentou operar na filosofia clássica alemã e no hegelianismo em particular - aproveitando algumas de suas virtualidades e, infelizmente, desprezando outras - acabou descambando, como tenho procurado mostrar, para uma concepção filosófica substancialista e essencialista, ainda demasiado “hegeliana”, “metafísica”, “especulativa” e “teoricista”, em descompasso com o nosso tempo. O debate jovem hegeliano e os desenvolvimentos filosóficos contemporâneos oferecem recursos para o início da crítica e da superação de algumas de suas limitações. Sobre isso, ver, por ex., os dois capítulos finais do Ascensão e Queda... e o “Marx and Feuerbachian Essence”. Como entendo, aquela superação aponta para o desenvolvimento de um pragmatismo histórico, “continental” e contemporâneo, que possa sustentar uma política democrática e uma idéia mais rica de ação e criação humanas.

Hans Joas (Univ. Livre Berlim) sobre pragmatismo e filosofia alemã:

"O pragmatismo permite aceitar o que é razoável na tradição filosófica alemã (na hermenêutica, no historicismo, na Lebensphilosophie de Nietzsche, na antropologia filosófica e no marxismo), sem pender para suas implicações perigosas, anti-democráticas. O pragmatismo pode mostrar-se como a solução para os problemas de outro modo insolúveis daquela tradição, como solução para as aporias do pensamento alemão."

Joas (tal como L. Langsdorf e R. Shusterman) está entre os que exploram a riqueza da noção
pragmatista de ação e de experiência, em especial sua dimensão estética e decididamente criativa.

Filosofia, Racionalidade, Democracia.
Temas como verdade e razão têm interesse para o desenvolvimento da cultura e para o progresso social? Que perspectiva filosófica seria apropriada – se alguma seria – à defesa e à promoção de uma utopia democrática? Seria ruim acharmos que não há de fato princípios universais e objetivos a favor de uma política de justiça e democracia? Posições “relativistas” e “falibilistas” seriam boas ou ruins para essa política e para o desenvolvimento da cultura em geral? E para nossas aspirações de orientação e auto-construção pessoais?
(JCS)

“Depois da influência de Rorty, a filosofia de Habermas não voltaria a ser a mesma, afastando-se cada vez mais daquela de Karl-Otto Apel, seu parceiro no desenvolvimento de uma ética da interação discursiva não distorcida. Agora, sem abrir mão de uma preocupação universalista, Habermas aprofundaria sua própria virada pragmatista”.

o pragmatismo romântico e nietzschiano de
Rorty versus o pragmatismo kantiano de Habermas
(Acho interessante comparar o debate Rorty-Habermas àquele entre Karl Marx e Max Stirner, sem que Habermas tenha o fundacionismo forte de Marx, nem Rorty chegue ao anarquismo de Stirner.)

 

Filosofia Como Coisa Civil:

“A filosofia civil tem a ver com a Cidade, com um certo arranjo e funcionamento sociais, em termos de convivência e realização humanas, bem como, e por isso mesmo, com um espírito de investigação, busca e discussão, de invenção e imaginação”

“Não seria necessariamente rebaixar o trabalho da filosofia, por exemplo, contribuir de algum modo para, com ela, enriquecer o nível do debate social, cultural, científico e acadêmico. Pois o papel da filosofia nessa vida social e cultural é também, ainda que por interpostas mediações, torná-la argumentativamente mais sofisticada e conceitualmente mais rica, junto com mais inventiva, imaginativa e livre”.

A filosofia civil (por oposição à "tradicional", “ancien régime”) é a filosofia como existe nos países onde a vida “espiritual” foi mais cabalmente transformada pelo Esclarecimento e pela Modernidade liberal-democrática.
Com relação ao texto A Filosofia Civil (que foi
traduzido para o inglês), Ernst Tugendhat acha que “temos opiniões semelhantes” e Rorty que “temos posições bem próximas sobre a história e a função da filosofia”.


Fazer filosofia no Brasil
.
Entendo que o que historicamente tem prejudicado o trabalho de filosofia no Brasil é tanto a tentação do "filoneísmo" (a queda pelas modas vindas de fora) como a do "filoarcaísmo" (o peso excessivo da história e da tradição, no meu modo de ver, instaurado pela escolástica e prolongado pelo marxismo). Acho que nos falta 1) acompanhar, participando, a elaboração e o debate filosófico contemporâneos, e 2) enfrentar temas e problemas filosóficos, seja com recursos mais “analíticos” ou mais “históricos”. Acho que é o que fazem as comunidades filosóficas pelo mundo a fora - com espírito pluralista, naturalmente, em relação a posições e a modelos de trabalho. Aparentemente apenas Portugal, nem mesmo a América espanhola, permanece tão “historiografista” quanto nós.

Em Portugal...
“Tanto quanto sei, a filosofia em Portugal não sofreu influência significativa de Goldschmidt ou Guéroult. O que se passou foi que os departamentos de filosofia foram constituídos com professores cuja formação original era a história, e não a filosofia. Essa penso ter sido a influência mais marcante. A segunda influência foi linguística: como a generalidade dos professores não dominava a língua inglesa, entendiam que a filosofia era fundamentalmente de língua francesa...” (Prof. Desiderio Murcho - King´s College, Londres)

Filosofia/Brasil:

1) a experiência histórica brasileira com a filosofia
2) o trabalho filosófico na universidade
3) guia para um trabalho de filosofia

 
A Filosofia entre Nós.
Como anda o trabalho de filosofia na universidade brasileira? A que resultados nossos esforços de formação têm conduzido? Fazemos filosofia ou fazemos só história da filosofia (mais exatamente, comentário “interno” da obra dos grandes filósofos)? Temos, na nossa área, renovado e superado – ou, de ouro lado, também reiterado – alguns dos nossos hábitos menos satisfatórios (v.g.escolásticos) de pensamento e de ensino?

Giannotti: "Para nós a filosofia passava por uma disciplina do texto, e, sobretudo, o que foi muito importante para a nossa geração, passava pela alienação num pensamento alheio (...); ver o mundo da perspectiva de Kant ou de Husserl (...). A situação hoje é totalmente diversa, porque agora nós chegamos num momento em que o Departamento se esgotou, que esse pensamento técnico também se esgotou, ele se transformou numa espécie de engessamento do pensamento, não é isso?" Tércio Ferraz: "Quando cheguei à Alemanha, nessa vez, lembro-me de ter conversado com meus colegas de lá, dizendo: 'Acho que vou fazer uma coisa ousada. Vou tentar escrever sobre, e discutir, um problema filosófico. Não quero mais interpretar filósofos'. 'E daí?', responderam eles, que não viam nada de anormal no que eu estava dizendo. Acontece que, ao aprender filosofia com rigor estrutural, eu tinha sofrido uma verdadeira castração (nada além de história da filosofia), e isso era algo que eles não compreendiam."

[Tugendhat e o sujeito (em francês)]

Enfim, como avançar para além do comentário (e do ensino) “passivo” dos grandes mestres, apesar do déficit de publicações atualizadas (v.g. periódicos e coletâneas) em nossas bibliotecas, e do nosso relativo isolamento, acarretado pela língua? Como fazê-lo, apesar da menoridade da nossa universidade e apesar da nossa falta de tradição... de elaboração em filosofia? Ou, ao reverso, como fazê-lo apesar do peso, entre nós, ainda, da tradição do Magister dixit, que nos deixa pouco à vontade com o sapere aude, com o pluralismo de posições e com o debate?
A Filosofia Como Coisa Medieval ?
“Com muita freqüência, quando se escreve a história da Filosofia grega, se põe ênfase especial nas doutrinas especulativas que se pretenderam capazes de ensinar aos homens a Verdade (...). Daí muitas vezes resulta que se dá uma atenção preferencial ao estudo do platonismo, do aristotelismo, do estoicismo. Não se pode, entretanto, ignorar que uma tal história é, originalmente, uma história cristã da filosofia. (...) Se a Filosofia moderna se constituiu, num certo sentido, num processo de ruptura com o pensamento medieval, não é menos verdade que muito da postura própria a este foi por ela mantido”. (Porchat, “Autocrítica da Razão no Mundo Antigo”).


"Porchat: o filósofo dos homens comuns e o professor democrático de filosofia."
JCS
Internet, uma nova Ágora para a filosofia?