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Hegelianismo
Fil. da Práxis Democracia.
Para mim são sugestivas as observações
de Jürgen Habermas de que persistimos
ainda no estado de consciência introduzido
pelos jovens hegelianos e que as noções
de jovem hegelianismo e de filosofia da práxis
devem abarcar as variantes democráticas
do pragmatismo", que pode ser considerado
como uma terceira tradição jovem
hegeliana- a única a desenvolver
o espírito liberal da democracia radical. |
Para
além da razão centrada no sujeito:
Além disso, acompanho o rumo geral de
sua crítica da razão centrada
no sujeito e de sua - para mim, ainda insatisfatória
- virada pragmatista.
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Ascensão e Queda do Sujeito no Movimento Jovem
Hegeliano.
No curso desse movimento, o sujeito hegeliano,
conscientemente comprometido com uma ordem que o ultrapassa,
torna-se isoladamente universal e autônomo com
Bruno Bauer, converte-se em corpóreo, genérico
e amoroso em Feuerbach, é dissolvido (e recuperado)
nas relações sociais por Karl Marx e acaba
finalmente reduzido a um eu finito, caprichoso e desengajado
em Max Stirner. Conhecer essas variantes do pensamento
crítico radical do séc. XIX, onde se cruzam
idealismo e romantismo alemães, é ser
introduzido à discussão das alternativas
da crítica em nossos dias. |
Clique
para ouvir, em inglês, Richard Rorty, James Conant
e Hilary Putnam discutindo filosofia. Para isso você
precisa ter o software Real Player, no seu computador,
ou buscá-lo em http://brasil.real.com/player/.
O debate, semelhante àquele entre Habermas e
Rorty, trata criticamente de assuntos como a verdade,
a base de nossas posições morais e políticas
e a solução pragmatista e neo-pragmatista
para essas questões. |
A
Questão da Individualidade: A Crítica
do Humano e do Social na Polêmica Stirner-Marx.
"Na discussão com esse pensador proto-nietzschiano,
Marx vê-se obrigado a se envolver com temas
como a singularidade, as pretensões do
indivíduo e da subjetividade modernos,
e a (não-) fundamentação
dos ideais políticos e da obrigação
moral." |
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Stirner,
precursor de Nietzsche (que procurou ocultar sua
influência) e do existencialismo, ou simplesmente
expressão radicalizada do individualismo
moderno, mereceu de Marx o seu livro mais extenso
depois do Capital. |
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Ars Vitae / Arte da Vida / Cura Sui:
Historicamente a filosofia tem sido não somente
o conhecimento superior do que é, mas também
e junto com isso - um recurso de auto-formação
e uma prática de vida. É essa dimensão
formadora da filosofia, de alcance tanto privado quanto
público, que retomam, cada um a seu modo, Michel
Foucault, Pierre Hadot, Martha Nussbaum e Richard Rorty.
Para Rorty, trata-se de substituir, como objetivo
do pensamento, o conhecimento da verdade, pela noção
de Bildung (educação, auto-formação).
Esse ponto de vista hermenêutico, desde
o qual a aquisição da verdade diminui
em importância e é vista como um componente
da educação, é possível
somente se nos colocamos num outro ponto de vista,
se nos empenharmos numa atividade poética
de pensar novas coisas e interpretações. |
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NO
PRELO: |
-
Young Hegelians: New Political and Philosophical
Perspectives
(Cambridge University Press):
Junto com: David Leopold (Oxford), Gareth Jones
(Cambridge), Massimiliano Tomba (Padua), Charles
Babour (B.Columbia), Eric von der Luft (Syracuse),
Douglas Mouggach (Ottawa), editor.
- Filosofia,
Racionalidade, Democracia: Os Debates Rorty-Habermas
Com os textos dos debates entre Jürgen Habermas
e Richard Rorty.
- A
Filosofia entre Nós
O que tem vindo a ser e o que se
poderia tornar.
Junto
com Oswaldo Porchat, Renato Janine e Ernst Tugendhat.
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Marx
como virada prática e materialista
ainda insatisfatória.
A promissora virada prática e materialista
que Marx
tentou operar na filosofia clássica alemã
e no hegelianismo em particular - aproveitando algumas
de suas virtualidades e, infelizmente, desprezando
outras - acabou descambando, como tenho procurado
mostrar, para uma concepção filosófica
substancialista e essencialista, ainda demasiado hegeliana,
metafísica, especulativa
e teoricista, em descompasso com o nosso
tempo. O debate jovem hegeliano e os desenvolvimentos
filosóficos contemporâneos oferecem recursos
para o início da crítica e da superação
de algumas de suas limitações. Sobre
isso, ver, por ex., os dois capítulos finais
do Ascensão e Queda...
e o Marx and Feuerbachian
Essence. Como entendo, aquela superação
aponta para o desenvolvimento de um pragmatismo histórico,
continental e contemporâneo, que
possa sustentar uma política democrática
e uma idéia mais rica de ação
e criação humanas.
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Hans
Joas (Univ. Livre Berlim) sobre pragmatismo e filosofia
alemã:
"O pragmatismo permite aceitar o que é
razoável na tradição filosófica
alemã (na hermenêutica, no historicismo,
na Lebensphilosophie de Nietzsche, na antropologia
filosófica e no marxismo), sem pender para
suas implicações perigosas, anti-democráticas.
O pragmatismo pode mostrar-se como a solução
para os problemas de outro modo insolúveis
daquela tradição, como solução
para as aporias do pensamento alemão."
Joas (tal como L. Langsdorf e R. Shusterman) está
entre os que exploram a riqueza da noção
pragmatista de ação e de experiência,
em especial sua dimensão estética e
decididamente criativa.
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Filosofia,
Racionalidade, Democracia.
Temas
como verdade e razão têm interesse para
o desenvolvimento da cultura e para o progresso social?
Que perspectiva filosófica seria apropriada
se alguma seria à defesa e à
promoção de uma utopia democrática?
Seria ruim acharmos que não há de fato
princípios universais e objetivos a favor de
uma política de justiça e democracia?
Posições relativistas e
falibilistas seriam boas ou ruins para
essa política e para o desenvolvimento da cultura
em geral? E para nossas aspirações de
orientação e auto-construção
pessoais?
(JCS)
Depois
da influência de Rorty, a filosofia de Habermas
não voltaria a ser a mesma, afastando-se cada
vez mais daquela de Karl-Otto Apel, seu parceiro no
desenvolvimento de uma ética da interação
discursiva não distorcida. Agora, sem abrir
mão de uma preocupação universalista,
Habermas aprofundaria sua própria virada pragmatista.
o
pragmatismo romântico e nietzschiano de
Rorty versus o pragmatismo kantiano de Habermas
(Acho interessante comparar o debate
Rorty-Habermas àquele entre Karl Marx e Max
Stirner, sem que Habermas tenha o fundacionismo forte
de Marx, nem Rorty chegue ao anarquismo de Stirner.)
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Filosofia
Como Coisa Civil:
A
filosofia civil tem a ver com a Cidade, com um
certo arranjo e funcionamento sociais, em termos
de convivência e realização
humanas, bem como, e por isso mesmo, com um espírito
de investigação, busca e discussão,
de invenção e imaginação
Não seria necessariamente rebaixar
o trabalho da filosofia, por exemplo, contribuir
de algum modo para, com ela, enriquecer o nível
do debate social, cultural, científico
e acadêmico. Pois o papel da filosofia nessa
vida social e cultural é também,
ainda que por interpostas mediações,
torná-la argumentativamente mais sofisticada
e conceitualmente mais rica, junto com mais inventiva,
imaginativa e livre.
A filosofia civil (por oposição
à "tradicional", ancien
régime) é a filosofia como
existe nos países onde a vida espiritual
foi mais cabalmente transformada pelo Esclarecimento
e pela Modernidade liberal-democrática.
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Com
relação ao texto A Filosofia Civil
(que foi
traduzido para o inglês), Ernst Tugendhat
acha que temos opiniões semelhantes
e Rorty que temos posições
bem próximas sobre a história e
a função da filosofia.
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Fazer filosofia no Brasil.
Entendo que o que historicamente tem prejudicado o
trabalho de filosofia no Brasil é tanto a tentação
do "filoneísmo" (a queda pelas modas
vindas de fora) como a do "filoarcaísmo"
(o peso excessivo da história e da tradição,
no meu modo de ver, instaurado pela escolástica
e prolongado pelo marxismo). Acho que nos falta 1)
acompanhar, participando, a elaboração
e o debate filosófico contemporâneos,
e 2) enfrentar temas e problemas filosóficos,
seja com recursos mais analíticos
ou mais históricos. Acho que é
o que fazem as comunidades filosóficas pelo
mundo a fora - com espírito pluralista, naturalmente,
em relação a posições
e a modelos de trabalho. Aparentemente apenas Portugal,
nem mesmo a América espanhola, permanece tão
historiografista quanto nós.
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Em
Portugal...
Tanto
quanto sei, a filosofia em Portugal não sofreu
influência significativa de Goldschmidt ou Guéroult.
O que se passou foi que os departamentos de filosofia
foram constituídos com professores cuja formação
original era a história, e não a filosofia.
Essa penso ter sido a influência mais marcante.
A segunda influência foi linguística:
como a generalidade dos professores não dominava
a língua inglesa, entendiam que a filosofia
era fundamentalmente de língua francesa...
(Prof. Desiderio
Murcho - King´s College, Londres)
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Filosofia/Brasil:
1)
a experiência histórica brasileira com
a filosofia
2)
o trabalho filosófico na universidade
3)
guia para um trabalho de filosofia
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  A
Filosofia entre Nós.
Como anda o trabalho de filosofia na universidade
brasileira? A que resultados nossos esforços
de formação têm conduzido?
Fazemos filosofia ou fazemos só história
da filosofia (mais exatamente, comentário interno
da obra dos grandes filósofos)? Temos, na nossa
área, renovado e superado ou, de ouro
lado, também reiterado alguns dos nossos
hábitos menos satisfatórios (v.g.escolásticos)
de pensamento e de ensino?
Giannotti:
"Para nós a filosofia passava por
uma disciplina do texto, e, sobretudo, o que
foi muito importante para a nossa geração,
passava pela alienação num pensamento
alheio (...); ver o mundo da perspectiva de
Kant ou de Husserl (...). A situação
hoje é totalmente diversa, porque agora
nós chegamos num momento em que o Departamento
se esgotou, que esse pensamento técnico
também se esgotou, ele se transformou
numa espécie de engessamento do pensamento,
não é isso?" |
Tércio
Ferraz: "Quando cheguei à Alemanha,
nessa vez, lembro-me de ter conversado com meus
colegas de lá, dizendo: 'Acho que vou
fazer uma coisa ousada. Vou tentar escrever
sobre, e discutir, um problema filosófico.
Não quero mais interpretar filósofos'.
'E daí?', responderam eles, que não
viam nada de anormal no que eu estava dizendo.
Acontece que, ao aprender filosofia com rigor
estrutural, eu tinha sofrido uma verdadeira
castração (nada além de
história da filosofia), e isso era algo
que eles não compreendiam."
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[Tugendhat e o sujeito (em francês)]
Enfim,
como avançar para além do comentário
(e do ensino) passivo dos grandes mestres,
apesar do déficit de publicações
atualizadas (v.g. periódicos e coletâneas)
em nossas bibliotecas, e do nosso relativo isolamento,
acarretado pela língua? Como fazê-lo,
apesar da menoridade da nossa universidade e apesar
da nossa falta de tradição... de elaboração
em filosofia? Ou, ao reverso, como fazê-lo
apesar do peso, entre nós, ainda, da tradição
do Magister dixit, que nos deixa pouco à
vontade com o sapere aude, com o pluralismo de posições
e com o debate?
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A
Filosofia Como Coisa Medieval ?
Com muita freqüência, quando se escreve
a história da Filosofia grega, se põe
ênfase especial nas doutrinas especulativas
que se pretenderam capazes de ensinar aos homens a
Verdade (...). Daí muitas vezes resulta que
se dá uma atenção preferencial
ao estudo do platonismo, do aristotelismo, do estoicismo.
Não se pode, entretanto, ignorar que uma tal
história é, originalmente, uma história
cristã da filosofia. (...) Se a Filosofia moderna
se constituiu, num certo sentido, num processo de
ruptura com o pensamento medieval, não é
menos verdade que muito da postura própria
a este foi por ela mantido. (Porchat, Autocrítica
da Razão no Mundo Antigo).
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"Porchat:
o filósofo dos homens comuns e o professor
democrático de filosofia."
JCS |
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Internet,
uma nova Ágora para a filosofia?
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