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José Crisóstomo de Souza
Deptº, Filosofia FFCH/UFBA
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Nasci em Minas Gerais, me criei na Bahia e fiz graduação em filosofia na sua Universidade Federal. Assim que comecei o curso pude me tornar professor secundário, e, depois dos bicos, esse foi por vários anos o meu principal meio de vida. Deu tempo ainda de viajar pela América Latina como mochileiro, mas logo, com o agravamento da situação do país, sob a ditadura militar, engajei-me inteiramente, e de diversas formas, no trabalho político e popular de oposição. Fui então por vários anos membro do Centro de Estudos e Ação Social, trabalhando como editor e redator dos Cadernos dos Ceas e como membro e coordenador de sua equipe de assessoria e educação popular. E viajei muito pelo país, entre outras coisas colaborando na criação de embriões de futuros movimentos sociais e de trabalhadores. Em tudo isso, contei com o apoio e a cobertura, admiráveis, de setores engajados da Igreja Católica. Fui também chefe da sucursal baiana do semanário político nacional, de oposição, Movimento, e membro do seu conselho de direção. Nessa fase, escrevi muito sobre assuntos sociais, econômicos, históricos e políticos (materiais que aparecem como coisas meio estranhas, em algum lugar do meu C.V. Lattes), às vezes com enfoque mais empírico, outras com enfoque mais teórico, e muito pouco de filosofia.right0Anos depois de graduado, ainda fazendo trabalho político e de publicista, fui convidado por meus ex-professores a dar aulas de filosofia na UFBA, mas fui logo em seguida cassado pelo regime. De meu lado, só depois do fim da ditadura é que me permiti dedicar-me de verdade à carreira universitária e ao estudo da filosofia. Readmitido à UFBA (depois oficialmente anistiado), fui fazer pós-graduação em São Paulo, em 1983. Por essa época, participei da SEAF (Sociedade de Estudos e Ação Filosóficos), e em seguida dos primeiros encontros nacionais da Anpof (Associação Nacional de Pós-Graduação em Filosofia). Pouco antes, eu já aproveitara uma viagem à Europa (para um encontro entre organismos da ONU e “centros de documentação" como o Ceas), para visitar alguns departamentos de filosofia, em diferentes países, e para adquirir os primeiros livros de minha futura biblioteca. Agora eu ia virar mesmo um scholar, um membro da academia. Comecei o mestrado, na Unicamp, e fui depois de alguns semestres promovido diretamente ao doutorado (filosofia política), que concluí com uma tese sobre o debate Stirner-Marx no movimento jovem-hegeliano. Fui aluno regular dos professores Fausto Castilho, Orlandi, Monzani, Brum Torres, Salinas, Carlos Alberto de Moura, Paulo Arantes, Michel Debrun e Marcos Muller (meu orientador). Os quatro últimos e mais Carlos Roberto Cirne Lima (UFRS) constituíram a minha banca de doutorado. Ainda no período de elaboração da tese, fiz visitas de estudo e pesquisa junto aos professores Lawrence Stepelevich (Villanova University) e Hans-Martin Sass (Rühr Universität e Georgetown University), especialistas em jovem-hegelianismo.right0De volta ao Departamento de Filosofia da UFBA, fui durante muitos anos encarregado da disciplina Introdução à Filosofia e de outras igualmente destinadas aos cursos de graduação das áreas de humanas e de artes. Mais adiante, me tornei professor dos cursos de pós-graduação que se foram constituindo na UFBA, nas áreas de Ciências Sociais, Educação, e Comunicação e Cultura, enquanto publicava meus primeiros artigos e livros de filosofia, principalmente sobre os jovens hegelianos e Marx. Passei depois a me encarregar das disciplinas Filosofia Política e História da Filosofia Contemporânea, tanto na graduação de filosofia como naquelas pós-graduações e posteriormente no nosso próprio Mestrado em Filosofia (hoje também doutorado). Na graduação, ocupei-me ainda, por vários semestres, das disciplinas Metodologia de Pesquisa em Filosofia e Prática de Investigação em Filosofia.left0De 1993 a 1995, fiz estágio de pós-doutorado na Universidade da Califórnia, Berkeley, na área de filosofia contemporânea, voltados para o tema do sujeito e da crítica da modernidade (em contato com Hubert Dreyfus, Hans Sluga, Paul Thomas, Martin Jay e outros). Me interessava muito chegar à discussão filosófica contemporânea e articular meus estudos anteriores (de filosofia política do século XVIII e de filosofia crítica do século XIX) com a elaboração filosófica dos nossos dias. Depois do meu retorno do pós-doutorado, fiz ainda visitas de pesquisa à Europa (ao International Institute of Social History, Amsterdã) e estive em congressos de filosofia na Alemanha e nos Estados Unidos, sempre procurando fazer contato com diferentes departamentos de filosofia, europeus e norte-americanos, para conhecer seus modelos de trabalho. Em 1998, fiz concurso para professor titular do meu Departamento, tendo como banca examinadora, escolhida pelo mesmo, os professores Arley Moreno, João Quartim, Olgária Matos, Antônio Paim e Francisco Pinheiro. Nesses anos, ampliei minhas relações com estudiosos dos jovens hegelianos (em particular aqueles que se reúnem em torno de Douglas Moggach). E, partindo de Jürgen Habermas e, em seguida, de Richard Rorty, comecei a me aproximar do pragmatismo, pelo estudo das contribuições dos seus ‘clássicos’ e de neo-pragmatistas, para mim, em certa medida, em continuidade às contribuições do campo da filosofia ‘da práxis’. Sou particularmente grato a Rorty e Habermas por minha motivação para essa investida. A crítica de Habermas à razão centrada no sujeito e às ‘filosofias da consciência’, e as provocações de Rorty em terreno semelhante, têm representado uma referência importante para o meu trabalho, embora não me agrade uma adesão tão completa à nova ‘virada linguística’ (digamos, pós-analítica). Ernst Tugendhat e Oswaldo Porchat são duas outras fontes de inspiração filosófica, mais ligadas à minha reflexão crítica sobre o trabalho de filosofia no Brasil. Mais recentemente, os trabalhos de autores como Richard Bernstein e Mangabeira Unger também têm me interessado, do mesmo modo que, crescentemente, uma busca de referências brasileiras de pensamento. Mas a essa altura me interessam cada vez mais apenas os autores cujo trabalho posso criticar ou com o qual posso dialogar. Tenho procurado desenvolver um amplo trabalho de pesquisa nessa linha, com o grupo Poética Pragmática e com o Centro Dewey, que criamos, com uma inserção nacional e internacional que segue crescendo. No mesmo espírito fui fazer um novo estágio de pós-doutorado, dessa vez na New School for Social Research, junto a Bernstein. É esse o pé em que estou agora. (JCS)