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José Crisóstomo de Souza
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Moses Hess como espectro feuerbachiano de Marx

José Crisóstomo de Souza

Resumo:
O artigo oferece elementos para uma reveladora genealogia das concepções teóricas do Marx maduro, através de um reexame das posições filosóficas de seu aliado Moses Hess, bem como das estreitas relações teóricas entre ambos. Vale-se primeiro do modo narrativo para evidenciar o papel e o lugar de Hess naquele desenvolvimento, aproximando o pensamento de ambos, e, ao mesmo tempo, aproximando os dois de Feuerbach e do jovem hegelianismo de onde procedem. A companhia de Hess aparece então como uma espécie de sombra permanente desse passado filosófico feuerbachiano, uma “assombração” a denunciar pressupostos filosóficos normativos, um tanto ocultados, que acompanham Marx no desenvolvimento da “teoria alemã” até à crítica da economia política e à concepção materialista da história - da teologia à antropologia e ao materialismo, mais como um continuum do que como uma ruptura. Nessa evolução de ambos - Hess e Marx - está envolvida a sustentação de uma posição crítica “positiva”, por uma transformação do “fundamento filosófico do socialismo” oferecido por Feuerbach: o homem como ser genérica, como dotado de uma essência universal objetiva, agora, em Marx, o “conjunto das relações sociais.” Por trás disso, ainda, a idéia do cristianismo como suposta expressão distorcida dessa essência real, e o mundo religioso como reflexo ilusório do mundo terreno.
Palavras-chave: Marx - Hess - hegelianismo - humanismo real - materialismo histórico

Abstract:
This paper offers certain elements for a revealing genealogy of Marx’s mature theoretical conceptions, brought up by a reconsideration of the philosophical positions of his ally Moses Hess and of the close theoretical relations between them. It resorts first to a narrative mode to underscore the role and place of Hess in that development, bringing into closer association their ideas, in connection to Young Hegelianism and Feuerbachianism, from which they start. The companionship of Hess presents itself, then, as the living shadow of a lingering philosophical Feuerbachian past, at the same time a specter still haunting Marx all along the development of “German Theory” into the materialist conception of history and the critique of political economy - from theology to anthropology to materialism, more of a continuum than a rupture. Involved in that process, we find their common concern for upholding a “positive” critical position, through a transformation of the “philosophical fundament for socialism” offered by Feuerbach: man as species-being, bestowed with a universal, objective essence, now, with Marx, as the ensemble of social relations. Also, on the background, the idea of Christianity as supposedly the distorted revelation of that real essence, and the religious realm as the illusory reflex of the earthly one.
Key-words: Marx - Hess - Hegelianism - real humanism - historical materialism

Tanto Moses Hess (1812-1875) quanto Karl Marx (1818-1883) integram o movimento filosófico constituído em torno de 1840 pelos hegelianos de esquerda, críticos do arcaico status quo social e político prussiano, da religião e da filosofia a ele ligadas, tanto quanto da Modernidade burguesa que se anunciava como sua problemática alternativa. Naqueles anos, o chamado movimento jovem hegeliano, dos hegelianos de esquerda, radicalizava-se cada vez mais, no plano das idéias, e, no processo, esses precursores da teoria crítica acabaram por dividir-se, basicamente em duas alas. Uma, em torno de Ludwig Feuerbach (1804-1872), comunitarista-altruísta, que se concebia como “crítica positiva,” filosoficamente construtiva, da religião, de início em nome da “essência genérica” do homem. Outra, em torno de Bruno Bauer e Max Stirner, caracterizada por uma negatividade sem peias, mais inclinada a posições “liberais” e, por fim, individualistas extremas - filosoficamente dissolvedora, embandeirada das prerrogativas e poderes da subjetividade livre (a autoconsciência), em nome da qual negava tanto a religião quanto a comunidade. Moses Hess e, depois dele, seus parceiros mais jovens, Karl Marx e Friedrich Engels, na medida em que a distinção entre as duas alas se acentuava, aí pelos anos 1843-5, ficaram com a primeira, a de Feuerbach. Daí o subtítulo da Sagrada Família, de Marx e Engels, de 1845, uma obra que espelha e defende o “humanismo real” feuerbachiano, ser “Crítica da Crítica Crítica, Contra Bruno Bauer e Consortes”. De outro lado, no mesmo ano, O Único e Sua Propriedade, de Max Stirner, e os posteriores artigos dele e de Bauer e seus aliados na Revista Trimestral de Wigand, de Leipzig, constituíram-se, conjuntamente, num ataque não menos frontal a “Feuerbach e consortes.” A esses materiais Marx procurou responder de uma vez por todas, em parceria com Engels, com A Ideologia Alemã (1845-46), considerada com razão a primeira obra em que aparece esboçada sua teoria social da maturidade: a denominada concepção materialista da história.
Creio que se pode dizer, por outro lado, que Stirner escreveu sua “ideologia alemã” antes de Marx e Engels, porque, com suas posições no Único e Sua Propriedade, tentou deixar para trás, além de seus adversários no campo hegeliano, da ala do humanista Feuerbach, também seus correligionários mais próximos, concorrentes, como o “crítico crítico” Bruno Bauer. E porque, tal como Marx na Ideologia Alemã, tratou à sua maneira de, nesse movimento, romper com o próprio campo da filosofia tradicional (melhor dizendo, da “filosofia clássica alemã”), em que se confrontavam inicialmente todos eles. No Único, Stirner faz uma crítica às concepções de Feuerbach que alcança também as concepções filosófico-sociais de Hess e Marx, bem como de Weitling e Proudhon (que Marx defendera na Sagrada Família). Ora, além de representar o partido oposto, o cenário no lado de Bauer e Stirner apresenta certa simetria com o cenário no “partido de Feuerbach,” no qual Marx, depois da Ideologia Alemã, vai aos poucos passar a ocupar uma posição, análoga à de Stirner, de distanciamento e de ruptura com o contexto teórico-filosófico anterior (o hegelianismo e o humanismo), e de afastamento dos seus próprios aliados. Seu novo posicionamento teórico, porém, como mostrarei, não ocorre de forma tão rápida, decidida e completa, como alguns poderiam pensar. Pode-se argüir que a própria Ideologia Alemã tem ainda o sentido de uma defesa da plataforma filosófica de “Feuerbach e consortes,” o que inclui Moses Hess, contra o outro partido, rival, da teoria crítica hegeliana, dividido entre Bauer e Stirner. E isso apesar do que sugere seu subtítulo: “Crítica da Filosofia Alemã Mais Recente na Pessoa de Seus Representantes Feuerbach, Bauer e Stirner...”, e apesar de também Moses Hess ser objeto de crítica nessa obra. O que nos permite supor que mesmo a concepção teórica madura de Marx, que ele formula pela primeira vez, de modo sistemático, justamente na Ideologia Alemã, continuou a ter ainda significativos elementos em comum com o feuerbachianismo de Moses Hess, que representaria, então, o que chamo aqui de seu espectro, em dois sentidos, correlatos. O primeiro, o de que Hess (que foi quem converteu Marx e Engels ao comunismo) é teoricamente uma espécie de réplica relativamente tosca e esmaecida de Marx; é seu símile sem a mesma nitidez de contornos, algo como seu rascunho e sua sombra. O segundo sentido, o de que ele é sua sombra também de outro modo: de que é algo do passado filosófico de Marx, que dele não desgruda - como um “encosto.” Talvez mesmo uma espécie de “assombração” com alguma revelação perturbadora a fazer - sobre Marx e a concepção materialista da história. Senão vejamos.

I -Hess e Marx como (Pós-)Feuerbachianos

Os desenvolvimentos contidos na Ideologia Alemã, de Marx e Engels, podem ser lidos como uma resposta aos artigos da Revista Trimestral de Wigand e ao Único, e vários indícios sugerem que a obra não é propriamente um ataque contra Feuerbach nem contra o feuerbachiano Moses Hess - pelo menos não do tipo do que é conduzido contra Stirner e Bauer. Marx e Engels iniciam o “Concílio de Leipzig” (que é o título original da Ideologia Alemã, sem a seção “Feuerbach,” que não constava do seu plano inicial) denunciando um “processo inquisitorial” aberto contra Feuerbach pelos “Padres da Igreja” São Bruno (Bauer) e São Max (Stirner), processo que se estende também “a M. Hess” e “aos autores da Sagrada Família” (IA 111-2, d79-80). O primeiro trecho da seção “São Bruno” leva o título de “Campanha contra Feuerbach,” e aí Marx, juntamente com Engels, embora às vezes avançando algumas reservas, procura defender o autor da Essência do Cristianismo da curiosa acusação de “cavaleiro da substância” (116ss, d81ss). Eles tratam de tomar as críticas do anti-substancialista Bauer ao chamado sensualismo feuerbachiano como condenações moralistas a um pensador materialista quase libertino (121ss), e de minimizar as denúncias do caráter ainda “religioso” e “ambíguo” do materialismo feuerbachiano (124). Apenas na medida em que a obra avança, Marx e Engels vão procurando distanciar-se mais claramente de seu mestre humanista, como também de Moses Hess e do “socialismo verdadeiro” que neles se inspirava.
Naquele período, Engels, de comum acordo com Marx, ainda tentava comprometer Feuerbach mais ativamente com o comunismo como movimento social e político - além de filosófico. Procurava até mesmo convencê-lo a mudar-se para Bruxelas, onde já se reuniam, exilados, Hess e eles próprios, em torno do “Comitê de Correspondência Comunista”. Pouco antes de começar a redação da Ideologia Alemã, os jovens Marx e Engels, na esteira de Moses Hess, ainda acreditavam que Feuerbach oferecia nada menos que o “fundamento filosófico para o socialismo,” o conceito do homem como “Essência Genérica” ou “Ser Genérico” (Gattungswesen). Na Sagrada Família, obra imediatamente anterior à Ideologia Alemã, Marx e Engels colocam-se com entusiasmo ao lado de Feuerbach, declarando sua profissão de fé no seu humanismo real. E uma leitura atenta pode verificar que, tal como no caso de Hess, não foi bem o materialismo feuerbachiano que atraiu suas simpatias. Feuerbach, aliás, é aí considerado não exatamente como um materialista, mas como o filósofo que superou definitivamente “a velha contradição espiritualismo vs. materialismo” (SF 117). Ele é antes quem estabeleceu o “homem real” como sólido princípio, como fundamento normativo último, quando “a crítica destruidora [de Bauer] buscava liquidar toda coisa determinada e todo o existente através da autoconsciência” (50) - isto é, através de sua (de Bauer) versão da subjetividade livre (universal), para Hegel o princípio da Modernidade. Assim, Feuerbach não é tanto a influência que levou Engels e Marx - e Hess - a deixarem o idealismo (como Engels sugere, muito tempo depois, no Feuerbach e o Fim da Filosofia Clássica Alemã), mas, sobretudo, quem inicialmente lhes ofereceu um fundamento para o ideal [Sollen] comunista, para a superação do dissolvedor e anti-comunitário individualismo/subjetivismo moderno.
Marx, no seu ensaio “Para uma Crítica da Filosofia do Direito de Hegel - Introdução,” já havia adotado a máxima feuerbachiana, também favorita de Hess, segundo a qual “o homem é para o homem o Ser Supremo.” Publicado nos Anais Franco-Alemães, em fins de 1844, Marx enviara previamente o ensaio a Feuerbach, como “testemunho de afeição e alta consideração”. Também nos Manuscritos Econômicos e Filosóficos, de 1844, que, tal como A Ideologia Alemã, permaneceram inéditos durante sua vida, Marx deixava perceber a forte marca da “antropologia” feuerbachiana, e tomava entusiasticamente o partido de Feuerbach e de Hess contra Bauer. Por essas e outras razões, não deve surpreender que, no momento da publicação dos artigos de Leipzig, e do Único, Marx fosse considerado, publicamente, como um seguidor de Feuerbach, tanto quanto Hess, e quiçá até um seguidor também deste último. Marx mesmo vai admitir, mais de vinte anos depois, que o “culto de Feuerbach” da essência genérica do homem estava bem presente na Sagrada Família, a qual, não obstante, não traria “nada de que seus autores devessem envergonhar-se”. Não é de admirar que um aliado de Bauer, Gustav Julius, tratasse Marx nos idos de 1845 como um “feuerbachiano dogmático,” em sua réplica à Sagrada Família. E que, no “Caracterização de Feuerbach,” artigo de Bauer na Revista Trimestral de Wigand, de 1845, esse sugerisse que O Único de Stirner é uma refutação do pensamento de Feuerbach “tal como representado por seus discípulos comunistas Hess, Marx e Engels,” tratados os três como “conseqüências de Feuerbach”. A Sagrada Família serviria, segundo Bauer, para mostrar a que conduz necessariamente o pensamento de Feuerbach, e o que este diria se tivesse de lutar diretamente contra a “Crítica pura” baueriana - aquela que, para Marx, ao colocar a Autoconsciência (individual, ainda que elevada à universalidade) no lugar do “Homem” (como ser social, circunstanciado), tornara-se “o mais perigoso inimigo do humanismo real na Alemanha”.
Na Ideologia Alemã, Marx e Engels continuam a dar testemunho de uma significativa proximidade com o feuerbachianismo (compartilhada por Hess), ao tempo em que dele procuram distinguir-se. Não apenas não tratam Feuerbach ironicamente de São Ludwig (como fazem com Stirner e Bauer), como deixam claro que não o consideram um opositor, mas antes um aliado. Ao criticar na seção “Feuerbach” a noção do mundo como algo dado de todo o sempre (em oposição à idéia do mundo como atividade sensível), Marx e Engels declaram que trata-se de um erro que “Feuerbach continua a compartilhar com os nossos adversários” (IA 74) - do que se depreende que Feuerbach, apesar de tudo, não era um deles. Mas isso não é ainda o mais importante; Engels e Marx, na Ideologia Alemã, tratam de assumir sem regatear a crítica feuerbachiana da religião - a tese geral da Essência do Cristianismo - como premissa de seu próprio desenvolvimento teórico e da sua própria crítica, e isso com todas as letras. Eles reconhecem que foi o autor da Essência do Cristianismo quem abriu caminho para a “Teoria alemã” chegar a “uma concepção materialista do mundo,” sendo que o avanço nessa direção se consumaria, por sua vez, dizem eles, nos artigos de Marx nos Anais Franco-Alemães - embora, aí, ainda, “com a ajuda do vocabulário filosófico tradicional,” isto é, na linguagem do nosso humanista comunitário Feuerbach. E como é que este preparou o caminho para tal avanço materialista? Simplesmente “mostrando que o mundo religioso é o reflexo ilusório do mundo terrestre” - e que Deus é a essência genérica do homem, hipostatizada. Diante do que, diz Marx, cabe passar à grande questão remanescente: “Como acontece que os homens tenham essas ilusões?” (e, entendamos, percam-se, assim, da sua essência genérica, terrena, objetiva), questão que, segundo ele, remete diretamente ao estudo do real material (IA 268, d217). Como veremos, reconhecimento comparável eles poderiam ter prestado ao feuerbachiano Moses Hess, que, para além de Feuerbach, abriu caminho para mais de um dos desenvolvimentos introduzidos por Marx na Teoria alemã. É de se notar, além disso, que a clara aceitação, pelo Marx maduro, da tese central de Feuerbach, como premissa de seu novo desenvolvimento teórico, significa avançar para a crítica materialista do capitalismo, carregando nas costas o humanismo feuerbachiano, ou seja, o ser-genérico, ainda que reinterpretado.
O comunismo criticado por Bruno Bauer e Max Stirner é tanto o de Moses Hess como o de Karl Marx, compreendendo ainda o de Wilhelm Weitling e o do “utópico” Etienne Cabet. Alguns estudiosos entendem que não é assim, que aquele comunismo nada tem a ver com as concepções próprias de Marx, que as críticas de Bauer e Stirner constituem uma refutação apenas do socialismo de inspiração abertamente hegeliano-feuerbachiana, e hessiana, o chamado socialismo verdadeiro, que Marx pode ter esposado muito inicialmente mas que abandonou por completo, junto com Engels, muito antes de escreverem a Ideologia Alemã. E afirma que os equívocos de Moses Hess e do socialismo verdadeiro representam, no máximo, “momentos da consciência passada de Marx e Engels” - bem anteriores a 1845, à Ideologia Alemã. Mesmo se for assim, Hess, considerado o pai do socialismo alemão, pode ainda representar um elo de Marx com seu passado, com a filosofia alemã e o hegelianismo de esquerda, de sorte que uma olhada à evolução das concepções teóricas de Hess e de Marx, e às relações entre eles, permitiria compreender melhor o lugar de Marx no interior desse desenvolvimento. No entanto, como vimos sugerindo, é possível que tal recapitulação mostre também, não exatamente um passado superado, mas deixe antes apreender, na expressão menos elaborada e sempre mais ingênua de Hess, um conjunto de referências que se mantêm, apesar de tudo, no pensamento de Marx, de 1845 em diante. Um exemplo significativo disso é que Hess entendeu - e Engels confirma esse entendimento - que sua própria crítica ao Único de Stirner coincidia inteiramente com a que Marx formulou logo de saída. Entretanto, a crítica de Hess ao livro de Stirner faz restrições a Feuerbach por sua posição intermediária, não entre materialismo e idealismo, como Marx vai-se exprimir na Ideologia Alemã, mas entre, de um lado, o individualismo e as pretensões da subjetividade, e, de outro, o socialismo e a comunidade como ser e dever-ser para os homens. Ora, não poderíamos entender que essa é também a questão principal para Marx?
O fato é que, ademais de sua extraordinária capacidade teórica, Marx tinha uma habilidade polêmica muito superior à de seu companheiro de comunismo, Moses Hess, que não passou pela sofisticada formação acadêmica de um doutor em filosofia. Acrescente-se que Marx teve o benefício de formular, tanto seu contra-ataque a Stirner e Bauer, como sua “crítica defensiva” a Feuerbach (que, somados, constituem o principal da Ideologia Alemã), com mais tempo e sobre um material de ataques e respostas que lhe propiciou desenvolver seu pensamento um passo adiante, e resguardar ou mesmo encobrir eventuais pontos fracos. É por essa razão que, se olhar em torno e escutar o que dizem naquele momento os opositores de Marx pode ser esclarecedor da posição filosófica deste, olhar para os aliados que ele alega estar deixando para trás, como Hess e Feuerbach, pode ser revelador de aspectos ocultos e ocultados do seu desenvolvimento teórico-filosófico no seio da crítica hegeliana. É possível que Marx apareça então com um parentesco teórico mais estreito e mais profundo com eles (Hess e Feuerbach), de modo a que se o perceba, ainda na Ideologia Alemã, e mesmo depois dela, no mesmo campo e no mesmo “partido” de Moses Hess, não só politicamente como em termos de concepções de fundo, filosóficas.
Que Moses Hess foi um “companheiro de viagem” de Marx e, ainda no fim dos anos 1860, como ele, membro da Primeira Internacional Comunista, são fatos. Bem como é fato que o próprio Ludwig Feuerbach morreu como um amigo celebrado do mesmo partido - político - de Marx e Hess, o partido social democrata alemão. Desde o seu encontro no segundo semestre de 1841, Hess sempre admirou a genialidade e a erudição de seu jovem amigo Karl Marx, para quem chegou a antever uma carreira universitária e jornalística de grande repercussão. A partir daquela data até 1843, ambos colaboraram na Gazeta Renana, da qual Hess foi um dos fundadores e Marx chegou a ser o editor. Depois disso, estiveram novamente juntos nos Anais Franco-Alemães, publicados em 1844, em Paris, onde Hess, que tinha chegado primeiro à França, recebera o amigo de braços abertos. Nos célebres Manuscritos de 44, Hess é colocado por Marx ao lado de Engels e Weitling - que incursionaram no campo da crítica da economia política antes dele - como um dos socialistas alemães que produziram algo de “substancial” e “original” sobre o assunto, com seus artigos sobre as “categorias” do “ter” e do “dinheiro”. Em seguida à publicação do Único, de Stirner, nosso “rabino comunista” (como Hess era chamado) saiu imediatamente em sua própria defesa e na de Marx, assumindo sobre o livro, já vimos, uma posição muito próxima, ou mesmo idêntica, à do seu admirado amigo. A réplica de Hess a Max Stirner, intitulada Os Últimos Filósofos, estende a crítica a Bauer e mesmo a Feuerbach - tal como, depois, A Ideologia Alemã (que, como se sabe, só foi publicada muito depois da morte de Marx). Em meados de 1846, em Bruxelas, lá estava Hess novamente apoiando Marx na sua polêmica contra o comunismo cristão revolucionário de Wilhelm Weitling, da mesma maneira que o apoiaria depois na peleja contra o anarquista Michail Bakúnin, ainda no interior da Primeira Internacional. Mas, interessa-nos perguntar, o que é mesmo que tudo isso pode significar em termos de concepções teóricas e filosóficas?

II - Hess, Marx e a “Encarnação” da Filosofia Clássica Alemã

Tendo em vista a evolução do pensamento de Hess, o marxista Bottigelli afirma que vários teóricos alemães do socialismo daqueles anos “seguiam o caminho que Marx havia percorrido e do qual depois se afastara”. Isso, no entanto, como vimos sugerindo, é uma formulação enganosa. Embora bastante eclético em suas referências filosóficas, e permanecendo a vida toda enredado em posições socialistas “idealistas” ou “éticas,” “não-científicas,” Hess antecipou-se a Marx e Engels na tomada de posição a favor do comunismo, na busca de uma base teórica, filosófica, para ele, e na investigação crítica da economia política. Antecipou-se a Marx e Engels até mesmo na crítica ao pensamento de Feuerbach. É verdade que Hess foi um dos pais do “socialismo verdadeiro” alemão, humanista, idealista e feuerbachiano-hegeliano, mas, no seu artigo “Sobre o Movimento Socialista na Alemanha,” escrito em meados de 1844 e publicado em 1845, já observava que, quando “Feuerbach diz que a essência de Deus é a essência do homem e que a teologia é antropologia, deixa de acrescentar que a essência do homem é o ser social e a sociedade”. Moses Hess, antes de Marx, denuncia que, do modo como está formulada por Feuerbach, dissociada de uma tradução política, a noção de essência genérica permanece uma noção “mística.” Donde se pode concluir que foi Hess, e não o seu famoso companheiro, o “primeiro a superar o culto [supostamente feuerbachiano] do homem abstrato”.
Tem-se aqui, portanto, um conjunto de posições teóricas que parecem formar, em direção à Ideologia Alemã e à concepção madura de Marx, uma gradação de tons, entre o róseo socialismo idealista, ético, e o rubro ‘socialismo científico.’ Um verdadeiro continuum em que Marx não representa sempre, nem tampouco Engels, a vanguarda clarividente ou o expoente destacado, salvo numa história contada do trás para frente. Nesse conjunto, as diversas posições teóricas de certa forma revezam-se e misturam-se, tanto quanto se distinguem, ao longo do curso de evolução do pensamento de uma das duas alas da esquerda hegeliana (e até entre elas, embora isso não possamos desenvolver aqui). Mesmo o comunista cristão Wilhelm Weitling, cujas posições estiveram de um modo geral mais afastadas das de Marx, chegou a ser saudado entusiasticamente por este, ainda no início de 1844, pela sua "entrada na cena literária do proletariado alemão,” com Garantias da Harmonia e da Liberdade, sua principal obra. Apesar de ‘utópico’ e cristão, Weitling, que em seguida escreveu O Evangelho de um Pobre Pecador, participou, com Marx, em Bruxelas, do Comitê de Correspondência Comunista, onde os dois travaram calorosas discussões, e chegou a produzir uma crítica das utopias que recebeu anos depois a apreciação favorável de autores marxistas. A Liga dos Justos, que se transformou em Liga dos Comunistas, esteve de início sob a influência do comunismo desse artesão, e tentou em 1843 recrutar Friedrich Engels, que recusou o convite em função do caráter secreto e conspirativo da organização. Mais de um ano depois, entretanto, Engels ainda se reconhecia no ideal da comunhão de bens, que fazia parte do arsenal conceitual do comunismo utópico, e se comprazia em ter conquistado, com sua propaganda comunista, um número considerável de burgueses para sua causa. Em fins de 1844, é o mesmo Engels - que parece, nessa questão, ter tido uma atitude mais decidida do que Marx - que critica as concepções de Hess como idealistas e cristãs, associando suas debilidades a uma rejeição do empirismo e de Max Stirner (!) - de quem, aliás, Engels, jovem, fora muito próximo, tanto intelectual quanto pessoalmente.
Hess e Weitling são os representantes alemães do que o individualista Stirner chama, no Único, de “liberalismo social” - o comunismo e o socialismo de então. Sob tal rótulo, Stirner critica ainda o francês Pierre-Joseph Proudhon, considerado por Marx, até 1845, como sabemos, um estreito aliado. São esses efetivamente os “liberais sociais” mais notórios que Stirner teria de considerar na sua crítica, que, entretanto, atinge igualmente Marx e Engels. Quanto a este último, seu escrito teórico mais importante até àquela oportunidade, o Esboço de Crítica da Economia Política, publicando nos Anais Franco-Alemães, em 1844, não mereceu a atenção expressa de Stirner. Tal trabalho, com que Engels se associa aos pioneiros esforços de investigação de Hess, vai ser considerado por Marx, ainda no prefácio de sua Contribuição à Crítica da Economia Política, de 1859, como um “brilhante ensaio” - que ele voltará a elogiar no Capital. O ensaio contém, no entanto, uma condenação basicamente moralista da economia política burguesa como egoísta, e da propriedade privada pela “degradação” a que conduz o ser do homem. Quanto a Marx, podemos dizer que, nos Anais Franco-Alemães, ele ainda se mostra claramente embriagado do homem genérico feuerbachiano, e que o rápido aceno de Stirner, no Único, a ele, e não propriamente como socialista ou comunista, parece efetivamente corresponder, como já dissemos, à sua imagem pública de então. Assim, ao menos naquela época, a marca ética e humanista, feuerbachiana de todos esses “liberais sociais” era bem visível, embora nenhum deles precise ser considerado como um feuerbachiano integral ou literal. Marx não é uma exceção, e Hess está longe de ser um retardatário contumaz nesse caminho.
O autodidata Moses Hess, que, além de pai do socialismo alemão, foi posteriormente “fundador do sionismo teórico”, publicou seu primeiro livro em 1837, anonimamente: uma História Sagrada da Humanidade, que atribuiu a “um discípulo de Espinoza”. Em 1841, publicou A Triarquia Européia, em que, na seqüência de outro jovem hegeliano, August Cieszkowiski, defendeu uma “filosofia da ação” (que, no caso de Hess, deveria produzir uma sociedade comunista), contra o passivo e retrospectivo, conformista e conciliador, hegelianismo de direita. Foi com esse livro que Hess conquistou o reconhecimento de outros jovens hegelianos, e, depois dele, com seu trabalho Sobre a Essência do Dinheiro, de 1844, teve uma sensível influência sobre Marx. É a partir de elementos dessa natureza que alguns autores chegam a considerar que foi antes Hess quem desbravou o caminho para Marx, do que o contrário. Engels reconhece expressamente que Moses Hess foi “o primeiro comunista do Partido,” e também “o primeiro que chegou ao comunismo pelo caminho da filosofia”. O próprio Engels fora convencido por Hess de que o socialismo era a conseqüência lógica do hegelianismo (e não de qualquer análise econômica ou histórica, materialista, que ele tivesse feito). E, diferente do que diz, por exemplo, Wolfgang Mönke, nem mesmo foi sob a influência de Marx (mas antes o contrário) que Hess assumiu a tese do proletariado como a classe revolucionária, pois, em seus trabalhos de 1843, ele já havia chegado a essa noção. Depois do desencadeamento da crítica ao “socialismo verdadeiro” por seus correligionários mais “científicos” e menos idealisticamente “éticos” (Marx e Engels), Hess empenhou-se a fundo no estudo da economia política, a ponto de seu escrito posterior, “As Conseqüências da Revolução do Proletariado” (1847), ser considerado como uma análise essencialmente marxista.
Hess foi sucessiva e ecleticamente espinozano, hegeliano, fichteano, feuerbachiano e marxiano, e essa relativa confusão teórica certamente contribuiu para diminuir a sua imagem como teórico. Não obstante isso, se ele chegou ao comunismo pela filosofia, isso também ocorreu, depois dele, com Engels e com Marx, os quais, quando formularam sua concepção da história, já levavam consigo o ideal socialista-comunista a que ela deveria servir. Sob esse ângulo, para o conjunto da ala feuerbachina do jovem hegelianismo, temos um percurso geral que vai da religião e da filosofia idealista alemã ao humanismo e ao comunismo, da especulação filosófica à teoria social, à economia e, por fim, à prática política, percurso que pode ser compreendido como uma espécie de encarnação prática, progressivamente mais completa, do ideal humanista - que inclui o próprio Marx em seu movimento. Há até quem entenda (além de Hess) que, mais ou menos como a crítica da economia política, o comunismo também já se encontra no interior do pensamento de Hegel, em germe, sob forma “esotérica,” e que assim Marx o teria percebido. Na Situação da Classe Operária na Inglaterra (1845), que redigiu antes da Ideologia Alemã, Engels admite candidamente que não foi o estudo do “mundo real” que despertou nos “teóricos alemães” (os filósofos hegelianos e hegelianamente anti-hegelianos) o desejo de “transformar a feia realidade”. Eles todos teriam chegado ao comunismo “por meio da superação feuerbachiana da filosofia de Hegel” - o que se aplica muito bem a Hess como a Marx.
Tantos anos mais tarde, em 1886, no Feuerbach e o Fim [Ausgang] da Filosofia Clássica Alemã, Engels declarava que o proletariado era o autêntico “herdeiro da filosofia clássica alemã.” Para o maior expoente desta, Hegel, na conclusão de sua História da Filosofia, “o objetivo e tarefa da filosofia é reconciliar o pensamento com a realidade;” para a esquerda hegeliana, pode-se aplicar o inverso: era ‘reconciliar’ a realidade com o pensamento, transformando-a. Hegel idealizou o mundo existente; seus descendentes filosóficos, passados por Feuerbach, tratariam de realizar o ideal no mundo - mesmo que a conciliação do real com o ideal devesse aparecer como uma conciliação do real consigo mesmo (como, aliás, já em Hegel). Quando Feuerbach concluiu sua dissertação de doutorado, em 1828, enviou a Hegel uma cópia e uma carta em que, pretendendo acompanhar o mestre, falava da tarefa de encarnar a razão no mundo, e de um futuro de racionalidade para a humanidade. Muito depois, no primeiro parágrafo de seus “Princípios da Filosofia do Futuro,” ele insistia em que a tarefa da Modernidade (como lida por ele) é a “a realização e a humanização da teologia em antropologia.” Quanto a Hess, este diz que aquilo que o socialismo pretende é a realização-abolição da filosofia, e essa sua linguagem é, nesse caso, bem a de Marx na Crítica da Filosofia do Direito de Hegel. Mesmo que, aí, com a ressalva “materialista” de que “a teoria só se realiza numa nação na medida em que é a realização de suas necessidades” (119).
Na “Introdução à Crítica da Filosofia do Direito de Hegel” (1843-44), Marx apressara-se em dar por encerrada a crítica da religião (com Feuerbach) enquanto ela ainda deixava subsistir um princípio positivo, uma medida universal, um fundamento objetivo, normativo, para a crítica: o homem como ser genérico, social, em devir para sua realização. “No que diz respeito à Alemanha”, Marx afirma, a crítica radical da religião “está no essencial concluída”: “ser radical” não é outra coisa senão “atacar o problema pela raiz,” e na raiz felizmente estão o homem feuerbachiano e os valores (os “predicados”) a ele relacionados. A crítica da religião, então, no seu desenvolvimento, não deságua no nada ou no arbítrio e no império do eu soberano (como no caso de outros ateus do séc. XIX e. em particular, da ala anti-feuerbachiana, de Bauer e Stirner). Ela desemboca, ou deveria desembocar, no homem genérico, na essência genérica do homem, melhor ainda, “na doutrina [feuerbachiana] de que o homem é o ser supremo [e a medida] para o homem”. A preferência de Hess e de Marx pela crítica de Feuerbach (em contraposição à de Bruno Bauer ou Max Stirner) decorre, assim, pode-se entender, de ela ser positiva, de não lhes deixar sem um “Ser Supremo,” melhor dizendo, sem um fundamento ou critério universal, objetivo, de alcance normativo pleno. “O radicalismo da teoria [crítica] alemã” - Marx argüi pro domo sua - está em saber partir da “superação positiva da religião”, e tal superação seria, como já dissemos, a dedicação à realização do homem genérico.
Nos Manuscritos de 44, Marx deixa clara a contraposição entre os dois tipos de teoria crítica que se desenvolvem no seio do movimento jovem hegeliano, bem como seu compromisso com um deles. No prefácio, ele se refere a si mesmo e a Feuerbach como “críticos positivos,” em oposição ao dissolvedor crítico absoluto que é Bruno Bauer. E admite que “a crítica positiva em geral” - incluindo, pelo menos no seu início, a própria crítica da economia política - deve seu fundamento “às descobertas de Feuerbach”, como fundador da “crítica humanista e naturalista positiva,” adotada por ele e Hess. A crítica da economia política, de Hess e de Engels, que Marx celebra nos Manuscritos de 44, é essencialmente feuerbachiana. Não obstante procurar depois fugir à discussão expressamente nesses termos, isto é, da busca de um fundamento normativo para o socialismo (e do empenho pela sua realização), Marx, não deixa de mostrar, também, na Ideologia Alemã, como repudia a supressão de um tertium comparationis objetivo e universal - senão de um ser supremo - para os indivíduos (IA 476): “Nosso inocente Sancho [Stirner], tirando o ‘homem’ [de Feuerbach] da cabeça, não deixa qualquer critério objetivo para os indivíduos” (475, d418). Diante do que, registre-se, o “egoísta” Stirner não precisa ficar calado: quando Hess diz que o socialismo quer realizar a filosofia clássica, o autor do Único não perdoa: “Hess poderia acrescentar que o socialismo quer não somente ‘tornar real a filosofia’, como também a religião e o Cristianismo”. O autor do Único tem suas razões para dizer isso, e, pelo visto, Hess não levaria inteiramente a mal a provocação e o chiste. Marx tampouco deveria; afinal o socialismo/comunismo a que Hess e ele chegaram, por um percurso essencialmente comum, está bem enraizado, genealogicamente, em pressupostos feuerbachianos, como “superação positiva da religião.” Pelo que vimos, separar inteiramente um do outro esses dois críticos positivos, cirurgicamente, seria mesmo impossível. Eles estão entrelaçados um ao outro, no percurso de tradução materialista-socialista, prática, política, de inspiração hegeliano-feuerbachiana, da comunidade como Ideal, isto é, no percurso do desenvolvimento da teoria crítica positiva de Feuerbach.

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