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José Crisóstomo de Souza
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Declaração:
GRUPO DE PESQUISA POÉTICA PRAGMÁTICA & CENTRO DEWEY & PRAGMATISMO.
José Crisóstomo de Souza
I
O Grupo de Pesquisa Poética Pragmática e o Centro Dewey e Pragmatismo (Cedep) são grupos estreitamente relacionados, correspondendo ao primeiro um foco de trabalho mais circunscrito e definido (em torno do pensamento de John Dewey), porém, dento dele, a um horizonte de ação e associação mais internacional. O Poética Pragmática, de outro lado, é um grupo mais especificamente de orientação de pesquisa e de elaboração em filosofia, a partir de uma posição filosófica mais própria e definida, mesmo que ainda em construção, no interior de um campo mais amplo de filosofia contemporânea e de referências brasileiras de pensamento.
II
O Grupo Poética Pragmática é um grupo de estudos, investigação e elaboração filosóficos, no interior do campo da filosofia, contemporânea, associada principalmente a pragmatismo e democracia, e, difusamente, a hegelianismo, campo que compreende os pragmatismos ‘clássicos’, seus correlatos europeus, suas raízes e cruzamentos ‘continentais’ (hegelianos, kantianos, franceses, etc.), como também o neo-pragmatismo (v.g. Rorty, Habermas, Unger), postos em diálogo com elementos recuperados do hegelianismo em sentido amplo (que inclui o jovem hegelianismo, Marx e desenvolvimentos hegelianos posteriores) e com a filosofia política democrática contemporânea (v.g. Dewey, Unger, Mouffe, Rorty, Rawls, Habermas, etc.). Em boa medida, nosso CEDEP, Centro Dewey e Pragmatismo, compartilha, de modo mais circunscrito, segundo sua própria denominação e tomando sempre Dewey como uma referência central, esses mesmos parâmetros e os que se seguem. O Centro Dewey o Poética Pragmática estão ambos registrados como Grupos de Pesquisa no Diretório de Pesquisa do CNPq, e estão vinculados ao Programa de Filosofia Contemporânea e ao Departamento de Filosofia da UFBA.
III
O Poética Pragmática busca não apenas acompanhar uma parte relevante da elaboração filosófica contemporânea e seus debates globalizados, com o intuito de participar deles, como também busca se envolver com referências brasileiras, latino-americanas e ibéricas de pensamento, tradicionalmente menos frequentadas, que podem, a partir de um ponto de vista nosso, ser postas em relação com aquela. Não apenas referências de filosofia, em sentido estrito, como também de ensaística, teoria da cultura, educação, literatura, etc. Entre os autores que para nós as representam estão Francisco Sanchez, Antero de Quental, Gilberto Freire, Machado de Assis, Anísio Teixeira. Estão representantes do Iseb, Oswald de Andrade e modernistas de 1922, Mangabeira Unger etc. - criticamente tomados, como todos os demais.
IV
No CEDEP e no Poética, o que chamamos de campo ou terreno pragmatista, contemporâneo, é pois aquele para o qual, como entendemos, convergem hoje desenvolvimentos filosóficos ‘práticos’, ‘pós-metafísicos’, ‘contextualistas’, ‘destranscendentalizantes’, de várias procedências, v.g., wittigensteinianos, habermasianos, heideggerianos, nietzschianos, deweyanos, peirceianos, neo-pirrônicos, ungerianos e pós-analíticos, que podem ser, como tais, interrelacionados. Referimo-nos a tudo isso como virada prático-histórica da filosofia (a partir do séc. XIX), que inclui elaborações na linha de um naturalismo não-reducionista, de elementos de historicismo e contextualismo, e, sobretudo, de uma orientação para a prática, a ação, a criação.
V
Um dos traços característicos desse desenvolvimento, entre os que nos interessam, é a aproximação da filosofia ao que tem sido chamado de ‘interpretação’, ‘narrativa’ e mesmo ‘teoria’ (alemã, francesa, brasileira), assim posta expressamente em relação ao nosso tempo e lugar, enquanto inserida no desenvolvimento de formas culturais determinadas. É a filosofia no seu perfil contemporâneo, enquanto envolvida, boa parte dela, com história, ciências, política, cultura. (O Poética Pragmática nasceu primeiro como Gefim, Grupo de Estudos de Filosofia e Modernidade, a partir de estudos hegelianos, marxianos, pós-hegelianos). Associadas a isso estão a assimilação da forma ensaio e certa transigência com relação a fronteiras que tradicionalmente separam filosofia de humanidades, ciências, literatura, arte.
VI
Também preferimos, como pragmatistas, ver a elaboração filosófica contemporânea, a nossa pelo menos, como em certa continuidade (mesmo que por interpostas mediações) com os demais discursos e discussões em desenvolvimento na sociedade, que brotam de sua experiência, e como procurando de algum modo responder a eles - por isso mesmo, como uma elaboração útil, viva e necessária. E sustentamos uma posição mediadora, hermenêutica, para a filosofia, entre expressões especializadas da cultura, a sociedade em geral e o mundo da vida, como, em parte, na sugestão de Habermas em “A Filosofia como Guardador de Lugar e como Intérprete”. Isso não nos afasta do interesse pelo esclarecimento conceitual (‘técnico’) de assuntos centrais da ‘filosofia teórica’ contemporânea - como racionalidade, verdade, crença, objetividade, experiência, conhecimento, normatividade, idealidade, agência, criação, poder, etc. - sempre por um viés ligado ao tempo, ao contexto e à cultura, e interessado em práticas e em democracia.
VII
O termo ‘poética’, no nome do GPPP, de outro lado, refere-se não apenas ao amplo espectro de textos e estilos associáveis a pragmatismo como filosofia prática e pós-metafísica, mas trata também de evocar a ação humana enquanto poiésis, fazer, produção, criação, inclusive ‘sensíveis’, em contraponto ao recurso mais tradicional da filosofia prática das últimas décadas, politicamente orientada, à noção de práxis, e mais recentemente seu centramento unilateral na prática linguística e na chamada ação comunicativa. De outro lado, consideramos Dewey, no Centro Dewey, como uma notável contribuição nesse terreno, por sua recuperação da dimensão criadora da ação enquanto ‘material’, bem como da noção de florescimento pessoal numa perspectiva democrática.
VIII
O Poética Pragmática e em boa parte também o Centro Dewey e Pragmatismo são constituídos por um laborioso e diversificado conjunto de graduandos, pós-graduandos e professores pesquisadores, da Universidade Federal da Bahia e também de outras universidades do país e do exterior, cujos trabalhos cobrem e distribuem o campo a que nos temos referido, através de uma divisão e conjugação de trabalhos, de focos diferenciados e, ao mesmo tempo, de interlocuções cruzadas. De modo que os estudos de nenhum deles se fechem no interior de um autor (mesmo no caso de Dewey, para o CEDEP) mas participem do embate vivo de autores e tendências em torno de temas e problemas, e procurem assim alcançar o registro da elaboração própria. Podemos considerar que tudo isso é uma proposta também para muito mais pessoas da área, para um movimento e um trabalho maiores, uma proposta sobre como fazer filosofia no Brasil.
IX
Na nossa visão, no CEDEP e no Poética, a elaboração filosófica é em nossos dias predominantemente um trabalho cooperativo, um work in progress numa comunidade investigativa de tipo baconiano, voltada para temas e problemas em sua posição atual. E para autores e suas obras não tomados por si mas na medida em que tenham interesse para aqueles. A filosofia, como coisa viva, não está predominantemente ‘corporificada’ em personalidades filosóficas históricas, como grandes mônadas infinitas, mas é antes o trabalho de muita gente, em interação, através de papers e colóquios, um trabalho de interlocução, debates e correções mútuas. Os grandes filósofos históricos podem comparecer aí como paradigmas a serem postos em ação, explorados, desenvolvidos, que testam sua relevância em usos e desenvolvimentos que deles se nutrem.
X
Entendemos, no nosso Centro Dewey e no Poética, que a filosofia deve ser feita como uma atividade socialmente relevante e mesmo indispensável, de modo especial em sociedades democráticas. Não como erudição ou sabedoria anistórica, ou trans-histórica, como filosofia sempiterna, alegadamente válida como produção intelectual fora do tempo e das circunstâncias, sub especie aeternitatis. A filosofia responde a temas e problemas postos em determinados tempo e circunstâncias, por e para uma determinada sociedade. Concepções filosóficas vivas dialogam com suas práticas, discursos e circunstâncias, voltando-se para elas. A elaboração filosófica relevante articula-se e dialoga com outras práticas e discursos, na cultura, na política, na educação, na ética, na arte, na academia, na ciência, etc.
XI
O Centro de Estudos de Dewey e Pragmatismo, CEDEP, associado ao Grupo Poética Pragmática, com objetivos correlatos, bem como associado também à Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal da Bahia, ao seu Departamento de Filosofia e ao seu Programa de Pós-Graduação em Filosofia Contemporânea, integra uma rede internacional de centros assemelhados, com propósitos convergentes, de importantes universidades estrangeiras, em países como Alemanha, Itália, Japão, China, Argentina, Turquia, Polônia e EUA. Todos os membros do Poética são membros do CEDEP, Centro Dewey.
XII
John Dewey, que aparece no nome do CEDEP, tem no seu trabalho certa centralidade para o grupo, como filósofo pragmatista, herdeiro de Peirce e James, por ter coberto sozinho um amplo campo de interesses pragmatistas, como ciência, política, arte, ética, educação, sociedade e religião, sempre de um ponto de vista prático. E por ser hoje uma referência a que têm remetido elaborações filosóficas de autores de nosso próprio tempo, como Rorty, Putnam, Honneth, Habermas, Rawls e outros. É também, biograficamente, um filósofo que tomamos como paradigmático, por seu engajamento teórico, intelectual e prático, e por sua afinidade com o que chamamos de “filosofia como coisa civil”. E um filósofo próximo de nós, por sua repercussão relativamente recente no próprio pensamento brasileiro atuante (v.g. Anísio Teixeira e Gilberto Freyre). O Centro Dewey, entretanto, como seu título implica, não está voltado apenas para o estudo do pensamento de Dewey, mas também de outros pragmatistas clássicos, como Peirce, James, Ferdinand Schiller e Mead, tanto quanto de desenvolvimentos pragmatistas dos nossos dias, de Habermas, Rorty e outros.
XIII
Ambos Poética Pragmática e Centro Dewey (CEDEP) têm um mesmo Conselho Consultivo composto por Larry Hickman, Jean-Pierre Cometti, Ken Stikkers, João Carlos Salles, Ivo Ibri, Chris Voparil, Cristina di Gregori, André Berten, Douglas Moggach, Paul Thomas, Goyo Pappas, Wojciech Malecki, Henrik Rydenfelt e Richard Bernstein. E têm como coordenador José Crisóstomo de Souza.

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